Edicões Gambiarra Profana/Folha Cultural Pataxó

domingo, 27 de fevereiro de 2011

CASA VAZIA (Roseli Vidaslife)


                                                CASA VAZIA 
Autora: Roseli  
Visite o blog da Roseli  (http://vidaslife-vidaslife.blogspot.com) 

Sente-se comigo
Me dá um abrigo
Preciso de ti.
Todos se foram
Partiram
Não viram
Que estou aqui.
A casa vazia,
Os quartos vazios
As camas vazias.
Se olho não vejo
Ninguém a brincar
Sorrisos, desejo
Ouvir,
Partiram
Uma nova vida
Precisam criar.
E neste vazio deixado
Ainda ouço os passos
Apressados daqueles
Que só felicidade
Deixavam extravasar



quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

TODAS AS HORAS


                                                             TODAS AS HORAS

De todas as horas
Apenas minutos sobraram
Saudades das horas que não viveu
Ficaram

De todas as horas
Apenas sonhos existiram
Horas que apenas passaram
E se exilaram

De todas as horas
Algumas lembranças ficaram
Do vazio que se estendia
Pelo passar do dia

Depois de tantas horas
Ainda haverá o carinho
Que ficará a esperar
Pelas horas que ainda vão chegar

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

BORBOLETA


                                            BORBOLETA

Ainda que eu tiver que ver o crepúsculo
Pelo quadrado da janela
Tendo o chão gélido e molhado como colchão
Não desanimarei

Ainda que eu tiver que imprimir jornais
Na calada da noite
Para ser perseguida na calçada
Eu continuarei a panfletar meus ideais

Ainda que eu tiver que ficar com meu corpo nu
Para ser torturada
Para ser massacrada
Eu serei Minerva e firme ficarei

Ainda que eu tiver que sair do casulo
Para bater asas nas ruas de vidro
E sangrar todos os dias
Eu voarei

Ainda que eu tiver que perder minha vida
Na estrada deserta
Para vidas serem livres
Minha vida eu darei

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

EU E VOCÊ, TUA TIA JUQUINHA E EU USÁVAMOS UM SUNDAE COMO CHAPÉU (Sérgio Salles-Oigers)

EU E VOCÊ, TUA TIA JUQUINHA E EU USÁVAMOS UM SUNDAE COMO CHAPÉU

Autor: Sérgio Salles-Oigers (http://chicletesalgado.blogspot.com)


Baby, nosso amor rolou a escada por quinze vezes
E quebrou uma das pernas
E não encontramos uma Unidade de Pronto Atendimento
Aberto às três da tarde pra poder engessar
Tudo isso que a gente quebrou
Quando pifou a televisão
E até a geladeira
Que não acabamos de pagar a prestação
Entrou no cacete.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

ALASCA / SOL SEM SEU ROUXINOL





                                                    ALASCA

Por mais que Alasca
Ame o sol
Nunca terá seu calor
Por inteiro
Apenas por leves momentos
Pois tem sempre um vento
Que a afasta dali


                                         SOL SEM SEU ROUXINOL

Por mais o que o sol
Ame Alasca
Nunca a aquecerá
Por inteira
Apenas por breves sonhos
Pois o vento sempre
A afasta dali

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

VIDA ENCANTADA





Agora escrevo meu sangue
Tudo que passou
Atravessou o peito
E o mutilou

Fiz a barba às pressas
Com meu corpo ainda despido
E marcado pelo tempo
Que ainda não chegou

O espelho esmagou
Minha solidão
Com a peste do cacete
Que deixei sobre a mesa do café

Os arrepios são sinais
Das imagens
Que vivem bailando
Nas ruas onde ando

A praça é meu destino
Quando preciso me exilar
Minha caverna para hibernar
Na embriaguez que me naufragou
Que minha alto-estima aniquilou

O inimigo está lá fora
Entre as sombras que
Assombram meus dias

Pronto para me abocanhar
Louco para me torturar
Quando eu sair pela porta
Para justificar a merda de vida
Embriagada que vivo a levar


sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

AINDA QUE MEUS OLHOS


                                    AINDA QUE MEUS OLHOS

Ainda que meu céu
Fosse coberto de estrelas
Sem sua estrela por perto seria apenas ilusão
Seria um vazio em meu coração

Ainda que meus olhos
Refletissem cores
Sem seus olhos
Seriam cores sem sabores

Ter você ao meu lado
Seria como perfumar o jardim
Seria tudo pra mim

Ainda que eu tivesse todo universo
Mas se não tivesse seu amor
Não teria nada além de um céu descoberto

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

PARAÍSO


PARAÍSO

As manchas ainda
Estão no canto da parede
A cama no meio do quarto
O cinzeiro com cinzas
Ao seu lado
Olhar tímido
Tempo perdido
Do amor
Que nunca será
Lembrado

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

NUVENS


NUVENS

Eu queria tanto estar
Nesse avião com você
Esconder meu rosto
No fundo do seu coração
Sentir seu carinho
Seu aconchego
Sua proteção
Espantar as nuvens
Da solidão
Eu só entraria nesse avião
Com você
Tenho medo de avião
Tenho medo de ficar sem você
Preciso do seu coração
Tenho medo do cinza
Que pinta a solidão