Edicões Gambiarra Profana/Folha Cultural Pataxó
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
GRAPEFRUIT (Sérgio Salles-Oigers)
AS POSTAGENS DESSE BLOG SERÃO DE POEMAS DO ZINE 08 DO GAMBIARRA PROFANA, GRUPO DE POESIAS QUE PARTICIPO, O ZINE TEM 27 POESIAS DE 23 POETAS,ENTRE ELES, Sérgio Salles-Oigers, Márcio Rufino, Fabiano Soares da Silva, Arnoldo Pimentel, Jorge Medeiros, Agnaldo Estrela, Silviah Carvalho, Lenne Butterfly, Ivone Landim, Gabriela Boechat e outros.
Visite o blog e o site do Gambiarra Profana
http://gambiarraprofana.blogspot.com
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POETA DE HOJE: SÉRGIO SALLES-OIGERS (http://chicletesalgado.blogspot.com)
GRAPEFRUTI
Autor: Sérgio Salles-Oigers
Quero ver cores de cegar
Cegueira de matar
Toda luz que há
Todo azul do mar
Todo céu azul
Toda flor lilás
Todo verde dos canaviais
E se todo Jorge for de Lima
E se toda lima não for laranja
Meus olhos embaçados pelo o que não vejo
Salvará a cada beijo
Do grapefruit
Quero ver cores de cegar
Cegueira de matar
Toda luz que há
Todo vermelho de Bagdá
Todo branco da África
Todo cinza de Chernobyl
Todo sangue azul anil
E se todo preto for coca-cola
E se toda coca-cola for heroína
Meus olhos alucinados pelo o que não caço
Salivará a cada pedaço
Do grapefruit
Quero ver cores de cegar
Cegueira de matar
Toda luz que há
Todo branco de Jeová
Todo branco de Buda
Todo branco de Alá
Todo branco de Krishina
E se todo incolor for água ungida
Da cor da sede, da fome e da intriga
Meus olhos esfomeados pelo postulado
Salivará a cada bagaço
Do grapefruit
domingo, 26 de dezembro de 2010
AMOR ANORMAL (Márcio Rufino)
A PARTIR DE HOJE AS POSTAGENS DESSE BLOG SERÃO DE POEMAS DO ZINE 08 DO GAMBIARRA PROFANA, GRUPO DE POESIAS QUE PARTICIPO, O ZINE TEM 27 POESIAS DE 23 POETAS,ENTRE ELES, Sérgio Salles-Oigers, Márcio Rufino, Fabiano Soares da Silva, Arnoldo Pimentel, Jorge Medeiros, Agnaldo Estrela, Silviah Carvalho, Lenne Butterfly, Ivone Landim, Gabriela Boechat e outros.
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Poeta de Hoje: Márcio Rufino (http://emaranhadorufiniano.blogspot.com)
AMOR ANORMAL (Márcio Rufino)
Sentir o proibido não é nada,
Pior é aceitar o proibido
Num rumo qualquer da estrada,
Ou na dolorosa manhã da libido.
O outro não quer minha atormentada insônia
Muito menos que eu mude meu misterioso hábito
Só quer sentir o sufoco e o cheiro de sua agonia
Dentro do denso aroma que sai de dentro do meu hálito
Não é nada atender o desejo do outro
Pior é fazer com que esse desejo seja também seu
E ver dentro da lama do outro o ouro
Acreditando que o calvário é um doce himeneu
Entregar-se a perversão passiva,
É muito difícil como cômoda intolerância
Que revertida em condição de vida,
Brota em nosso peito uma vacância.
Da janela da minha casa,
O vento me beija numa linha retilínea
Mas vejam: Estou sem graça.
Lembrei-me que esta casa não é minha.
Olhe só toda beleza,
Que a morte desta tarde nos oferece
E preste atenção em toda destreza
De me encantar com seus olhos de quem não me conhece.
O futuro me assusta muito,
Com a ajuda do tempo me agride
Com ameaças de sérios infortúnios,
Onde o chão sob meus pés resiste.
O outro também quer me dominar,
Como o futuro e o tempo ele também é assim
Com frieza e crueldade quer me usar
Sem saber que também será vilipendiado por mim.
Com seu cinismo ele comanda a brisa louca,
Transforma nosso encontro num fato casual
Ele quer sentir o odor de seu sêmen em minha boca
Mas isso são sonhos imundos que povoam minha cama de casal.
Em seu feitiço ele busca uma corda de banjo
Em seu silêncio ele busca um bocal de clarineta
Pares de asas vermelhas de anjo,
Pares de chifres brancos de capeta.
O outro sou eu num idílio híbrido,
O outro somos nós num dilacerado momento.
Que desenha o amor anormal e ilícito
Num papel invisível rasgado pelo vento.
Esse amor que por se ousar existir,
Subvive a margem do planeta
Prestes a se deixar cair,
E ser amparado por um rabo de cometa.
Não sei o porquê de todo esse desprezo,
Se tudo que aí está é amor
Queria falar de todo o meu desejo,
Sem causar deboche nem horror.
Pois o outro me conhece como um mero conhecido
Me cumprimenta como um qualquer que por acaso me vê
Conversa comigo como um velho e íntimo amigo
E pede meus carinhos com a carência e dengo de um bebê.
Dedico esse texto a memória de Clarice,
E continuo sufocando a minha agressividade
Pois a anormalidade me disse,
Que o amor e arte é que salvarão a humanidade.
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
NATAL SEM SINOS
NATAL SEM SINOS
Não tem lareira na minha sala
O sapatinho na janela amanheceu vazio
Papai Noel não enxerga
Chaminés de desesperança
Não sou mais criança
Que acredita no azul além do mar
Recomeçar seria apenas o começo
Do abandono que ficou no tempo
Não tenho vento que iluda
As renas que conduzem o trenó
A janela ficou aberta
Mas chegou apenas o vento do desamparo
Meu presente ficou distante
O diário tem apenas páginas em branco
Ilustradas por desenhos pintados pela solidão
Hoje sou inverno desiludido
Poema embranquecido
Esquecido
Na noite sem sinos de natal
Hoje
Sou gaivota flutuante
Mas que não tem coragem
De viver um natal
Além do horizonte
sábado, 18 de dezembro de 2010
FELIZ NATAL (Poema para o natal:Nudez escondida atrás do arbusto)
NUDEZ ESCONDIDA ATRÁS DO ARBUSTO
Poema livremente inspirado no poema de Fabiano Soares da Silva
A mãe pegou o menino pelo braço
E disse:
-Vamos ali
Puxou-o carinhosamente
Atravessou a rua
Entrou no bar
Colocou-o atrás do balcão
Para trabalhar
E disse:
Seu lugar é aqui
O menino depois de adulto lembrou:
Infância eu nunca tive ou vi
Nesse tempo acho que morri
Leituras recomendadas:
http://gambiarraprofana.blogspot.com
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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
RACIOCÍNIO ILÓGICO
RACIOCÍNIO ILÓGICO
Autores: Arnoldo Pimentel, Jorge Medeiros, Júlio Cesar Camargo, Fabiano Soares da Silva, Lenne Butterfly, Sérgio Salles-Oigers)
Este poema foi escrito durante bate papo logo após o lançamento do livro "Bagagem de Mão" do nosso amigo e companheiro Jorge Medeiros, a ilustração é o quadro "Esquelotose" da Gabriela Boechat, existe também um poema da Gabi com esse nome,inspirado no quadro ou vice versa, assim é o Gambiarra Profana, juntos e misturados, que também nesse dia lançou o zine 08 em comemoração aos seus 11 anos, com poemas de Sérgio Salles Oigers, Lenne Butterfly, Jorge Medeiros, Fabiano Soares da Silva, Arnoldo Pimentel, Márcio Rufino, Silviah Carvalho, Gabriela Boechat, Ivone Landim, Agnaldo Estrela, entre outros
confira em hppt://gambiarraprofana.blogspot.com
RACIOCÍNIO ILÓGICO
Tem dias quando a noite cai
Que fica apenas a melancolia
Eu viro pro lado
Encontro a cama vazia
Viro para o outro lado
E tento encontrar outro espaço
Meu espaço é aqui
É uma linha entre o meu íntimo e tua entranha
Subindo, aquecendo
Virando o avesso e descobrindo
O verdadeiro sentindo de viver
Vivendo enquanto uma parte de mim morre
Mesmo antes de perecer
domingo, 12 de dezembro de 2010
AMOR E DOR EM PERGAMINHO EGIPÍCIO OU DO PLANETA VENUS QUE DEVERÁ SER ESQUECIDO SE FOR LIDO
AMOR E DOR EM PERGAMINHO EGIPÍCIO OU DO PLANETA VENUS PARA SER ESQUECIDO SE FOR LIDO
Comprei 1kg de arroz
E seis cervejas em garrafa
E mais seis em lata
Meu domingo não será tudo de bom
Tenho o arroz, um pouco de feijão, meia dúzia de ovos
Um pedaço de lingüiça
E mais nada
Será bom sim, esqueci
Tenho minhas cervejas em garrafas
E em latas
Geladas
Não preciso de mais nada para viver
Além de beber
E tudo esquecer
Rasguei meus livros e seus ensinamentos
Eram um tormento
Para mim só tem um ensinamento
Beber até morrer
Mesmo sem querer
Meu clamor no deserto foi um livro aberto
Sempre te procurei,
Mas por minha culpa
Nunca te encontrei
Que se dane a chuva que está por vir
Nem tenho guarda chuva
Então tudo bem
Não tenho mesmo pra onde ir
Vou passar uma noite de amor
Com a marreta Juliana
Meu amigo me emprestou e já me avisou
Com ela não tem nenhum drama
Ela, a marreta Juliana
Vai arrebentar minha cabeça
E num último gemido
Em sustenido
Vou dizer:
“Adeus meu amor
Minha vida foi feita de dor”
Que horror
Rimei amor com dor
Seja como for
Estou daqui partindo
Não sentirei mais dor
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
TROCADILHOS/DESEJOS (Jorge Medeiros)
TROCADILHO (JORGE MEDEIROS)
A gambiarra me iluminou
Uma nova aurora
Que me apresentou
Aos olhos
Novas imagens
Que jamais serão
Turvas
As poeiras sacudidas
Por veículos
E vendavais
Faz sentido e barulho
Na dança
E no canto
Do solitário pataxó
E me recordo
E me amplio
Na poesia que veio do pó
E ao pó me levará
DESEJO (JORGE MEDEIROS)
Flor da pele
Flor da vida
Flor de lótus
Flor de lis
Flores todas não me levem
Ao portal da morte
Quero os umbrais
Dos templos
Dos desejos
Do almíscar
Da menina
Da esquina
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